o curitibano

Um olhar mais atento sobre o tão falado curitibano e descobrimos que ele não está em lugar algum, não faz parte de nada em particular, não se detém nessa ou naquela definição. Ao mesmo tempo, não é eclético e sempre terá olhos para si mesmo e para seus poucos eleitos, aquilo e aqueles onde se reconhece. Embora conservador, tem arroubos de modernidade e oscila com facilidade entre a discrição e a notabilidade, o sensual e o platônico. Daí parecer, por momentos, tão arredio e, em outros, tão acolhedor. Bem alimentado, com bom estudos e bem viajado, o curitibano tem excelente capacidade crítica, mas disso prefere se abster. Dessa forma, elogia seus escolhidos e com isso constrói sua identidade sem, necessariamente, submeter-se a ela. Ao contrário do gaúcho e do carioca, por exemplo, que sabem muito quem e o que são, o curitibano só sabe o que não é. Nem brasileiro nem europeu, o curitibano é um mulato da alma.

O Curitibano, por Marcelo De Angelis. – fotografia sobre papel. 80 x 100 cm